sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A população em movimento 4º bimestre - aula nº 3

Aula nº 3 – 4º bimestre 2014
A população em movimento

Toda migração, ou deslocamento humano, relaciona-se às injustas desigualdades sócio espaciais entre territórios desenvolvidos e subdesenvolvidos, que acabam por originar as chamadas células de atração e repulsão populacional. As motivações de saída, muitas vezes, são as conhecidas necessidades de um dado grupo, como a busca por emprego, qualificação, melhor qualidade de vida, dentre outros. Há também motivações por distúrbios sociais ou causas naturais, como guerras, perseguições religiosas, epidemias, fome, furacões, terremotos ou tsunamis.

Nesse contexto, podemos classificar as migrações em função de três critérios: o espaço de deslocamento; o tempo de permanência do migrante; o contexto no qual a migração foi motivada.

Quando consideramos o espaço de deslocamento, temos:

Migração internacional

Ocorre quando há deslocamentos de um país para outro. O período situado entre os séculos XVIII e o início do século XX, no contexto de eclosão da primeira e segunda revolução industrial, foi marcado por importantes movimentos migratórios, principalmente, de saída de europeus rumo a diferentes partes do mundo, como consequência das más condições de vida e do excedente demográfico existentes nesse continente. Nesse período, iniciou-se a independência dos países americanos e o neocolonialismo imperialista em direção à África, Ásia e Oceania – eventos esses que potencializaram a migração europeia.

Da segunda metade do século XX para cá, percebemos uma inversão da condição anterior e acrescentamos algumas novas questões. Hoje, são os países centrais e/ou desenvolvidos com baixas taxas de natalidade e melhor estrutura econômica os principais polos de atração migratória, como os países da União Europeia.

A exceção vale para os Estados Unidos e o Japão. O primeiro sempre atraiu migrantes. Mesmo derrotado no pós-2ª Guerra Mundial (1945), o segundo passou por um surpreendente e elogiável crescimento econômico durante boa parte do século XX, tornando-se uma zona de atração migratória e um país central e desenvolvido, de fato. Austrália, Nova Zelândia e os países do Golfo Pérsico estáveis e ricos em petróleo apresentam também expressivas correntes migratórias. Brasil e África do Sul, mesmo na condição de países em desenvolvimento, são potências regionais que exercem atração no entorno de suas regiões.

Já as zonas de repulsão da atualidade predominam em países periféricos e semiperiféricos com situação econômica pouco diversificada e/ou com altas taxas de natalidade, tal como ocorre em muitos países da América Latina, África, Ásia e Oceania.

Tendo como alvo os países centrais e/ou desenvolvidos, levas e levas de pessoas se aventuram na busca por melhores condições de vida. Essa situação resulta em algumas consequências nos países centrais, como: o acirramento da competição entre a mão de obra nacional e dos imigrantes; mudanças na legislação sobre imigrantes; incidência de movimentos políticos de caráter racista e xenófobo. Então, cientes dessas condições adversas, muitos imigrantes mantém-se segregados e organizados em bairros onde há maior concentração de indivíduos com a mesma nacionalidade.

No entanto, um tipo de migração internacional irrestrita para os países centrais é a chamada “Brain Drain”, “migração de cérebros”, que consiste na atração de mão de obra qualificada para empresas de alta tecnologia. Nesse caso, ganha o país receptor por ampliar sua propriedade intelectual e registrar novas patentes. Perde a nação repulsora, pois mantém-se carente de mão de obra qualificada e dependente de tecnologias muitas das vezes compradas por empresas que possuem o direito de uso de uma tecnologia criada por um possível cidadão que migrou.

Migração interna

Ocorre dentro de um mesmo país, entre suas regiões (inter-regional) ou dentro das mesmas (intrarregional). Os principais tipos de migrações internas são os seguintes:

Êxodo rural ou migração rural-urbana - fenômeno migratório que consiste no deslocamento de populações rurais em direção às cidades. Isso é motivado pelas péssimas condições de vida, concentração fundiária, pela mecanização do setor agropecuário e a consequente liberação de mão de obra no meio rural.

Migração rural-rural - quando populações rurais são destituídas de seus meios de sobrevivência e passam a migrar em direção a novas fronteiras agrícolas.

Migração urbano-rural - quando há transferência de populações urbanas para o espaço rural. O stress da vida urbana em grandes cidades pode favorecer a migração de pessoas para o meio rural, fenômeno chamado contra urbanização.

Nesse tipo, incluímos também a migração de retorno de trabalhadores hoje urbanos em direção às suas regiões de origem.

Migração urbano-urbano - deslocamento que consiste na transferência de populações de uma cidade para outra. Esse é um fenômeno muito comum nos dias atuais. Um exemplo disso é o crescimento econômico de cidades médias, que passaram a atrair populações também dos grandes centros urbanos.

Migração pendular - tipo de migração característica de grandes cidades e regiões metropolitanas, nas quais centenas ou milhares de trabalhadores saem todas as manhãs de suas casas (em determinada cidade) em direção ao trabalho (que pode estar localizado em outro município), retornando ao final do dia.

Quanto ao tempo de permanência do migrante, podemos citar dois tipos:

Migração definitiva - situação na qual o migrante passa a se fixar definitivamente na região de interesse. Exemplo: a chegada de europeus nas regiões Sul e Sudeste do Brasil no século XIX.

Migração temporária - situação na qual o migrante se estabelece temporariamente em uma dada região, podendo voltar para o local de origem ou se deslocar para outra região com nova oferta de trabalho temporário. Exemplo: trabalhadores ligados à colheita de cana-de-açúcar e laranja no interior do estado de São Paulo.

Outro exemplo que merece uma nota é o deslocamento sazonal de pastores e rebanhos para locais que oferecem melhores condições durante uma parte do ano, fenômeno conhecido como transumância.

Quanto ao contexto ou forma em que a migração foi motivada, destacam-se dois grupos:

Migração espontânea - quando indivíduos migram espontaneamente para outra região, seja por motivo econômico, político ou cultural. Exemplo: a ida de brasileiros para o Paraguai em busca de terras baratas para o plantio de soja em moldes agroindustriais, os chamados brasiguaios.

Migração forçada - quando indivíduos são obrigados a migrar de seu lugar de origem em função de catástrofes naturais ou perseguições políticas, raciais ou religiosas. Exemplo: os refugiados de guerra sírios distribuídos nos territórios da Turquia e Jordânia.

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)


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